Quando conheci esse paciente de 8 anos, eu sabia que seria um caso desafiador. Ele chegou até mim com um padrão de marcha bastante comprometido: rotação interna dos pés, arraste acentuado do pé direito, joelhos semiflexionados e grande dificuldade para manter o equilíbrio e estender totalmente os membros inferiores.
Nos primeiros atendimentos, ele estava birrento e até me dizia que eu era “má” por insistir nos exercícios. E, naquele momento, eu percebi: cada criança exige de nós muito mais do que técnica; exige coração, criatividade e a capacidade de nos reinventarmos a cada sessão.
Então eu decidi entrar no mundo dele. Transformei os exercícios em jogos, criei pequenas “disputas internas” para que ele se sentisse motivado a vencer… e vi aquele menino que antes não queria nem tentar começar a dar tudo de si. Ele foi do 0 ao 100%, e cada conquista dele era uma vitória para nós dois.
Hoje, o progresso é emocionante:
✅ Melhora no controle postural e no equilíbrio estático e dinâmico, com menos necessidade de apoio manual durante atividades em pé.
✅ Aumento significativo da força muscular nos quadríceps e glúteos, garantindo mais estabilidade para a marcha assistida.
✅ Redução da rigidez muscular, permitindo maior amplitude de movimento e um apoio plantar mais adequado.
✅ Avanço no padrão de marcha: o pé direito já arrasta muito menos e os passos são mais coordenados, com menor rotação interna.
✅ Participação ativa e consciência corporal, permitindo mais autonomia nas atividades lúdicas e funcionais.
Reflexão da Dra. Adna
“Esse caso me ensinou que fisioterapia não é só técnica ou repetição de protocolos. É sobre acreditar no potencial do paciente, mesmo quando ele não acredita ainda.
Eu não faço isso pelo dinheiro, eu faço porque quero resultados reais. Quero que um dia, quando ele for adulto, ele olhe para trás e diga: ‘Eu só ando hoje porque alguém acreditou em mim e me desafiou a cada dia.’
É isso que me move: saber que cada movimento conquistado aqui muda uma vida inteira.”